(traduzido por Vera Melis - UNESCO e Brazil National Representative do World Forum Foundation - WFF)
O Plano Americano de Recuperação e Reinvestimento proporciona uma importante oportunidade para ajudar os EUA a recuperarem seu eixo através da criação de novos empregos e do apoio a programas que provêem serviços essenciais a crianças pequenas e seus familiares, ao mesmo tempo em que contribuem para a economia do país.
Esse momento de transformação necessita de um planejamento minucioso e bem elaborado. Grupos de planejamento formados por membros do Estado e de comunidades devem avaliar necessidades e criar uma perspectiva do que eles desejam realizar, detalhando os resultados esperados. A boa notícia é a de que estados têm servido como laboratórios de inovação ao longo dos últimos anos, logo, novas idéias estão emergindo dia a dia. A má notícia é a de que os orçamentos dos estados têm encolhido e a qualidade e expansão de projetos está seriamente ameaçada.
Com o trabalho direcionado através dos níveis de governo e de fluxos financiadores, um plano de ação deve ser estruturado com a participação de uma vasta gama de stakeholders. Os investimentos devem ser alinhados com as necessidades das crianças e das famílias mais afetadas pela recessão econômica, de forma a produzir um impacto sustentável e de longo prazo.
Uma Nova Era demanda uma série de princípios norteadores que possam resultar em um novo padrão de pensamento sobre a primeira infância.
Nós devemos, por exemplo:
Alcançar padrões e apoios comuns entre os programas dirigidos à primeira infância;
Reconhecer que crianças pertencentes a famílias de baixa renda necessitam de serviços mais intensivos e personalizados, que comecem a ser oferecidos antes, a fim de prevenir a lacuna de alcance;
Proporcionar apoio à equipe educadora;
Sensibilizar os pais como componentes fundamentais de todas as ações para a primeira infância;
Elaborar iniciativas para atingir as necessidades de famílias cujos membros trabalham fora de casa;
Assegurar a continuidade dos programas direcionados às crianças de 0 a 8 anos;
Associar serviços de saúde aos programas para a infância.
Recomendações
O financiamento da primeira infância provêm de vários programas federais, incluindo Early Head Start, Head Start, Child Care and Development Funds, Title I, IDEA e outros recursos vindos da educação, saúde e habitação. Abaixo seguem três recomendações concretas para consideração de estados e comunidades:
Desenvolvimento de uma infraestutura mais consistente nos programas para a primeira infância. Assim como o país necessita construir uma infraestrutura de transportes e energia, agora é o momento de se investir em melhores empregos para profissionais da primeira infância, em padrões de trabalho e monitoramentos aperfeiçoados, informações coordenadas e infraestrutura adequada;
Melhores empregos – Para criá-los são necessárias melhorias no sistema de educação superior, apoio aos educadores, melhoria nas remunerações e novas formas de proporcionar orientações especializadas para o corpo docente. Esforços especiais devem ser designados para incrementar a habilidade de professores da primeira infância para trabalharem com crianças não nativas, a fim de promover familiaridade com a literatura do país local.
Padrões Qualitativos – No que diz respeito às melhorias quanto à qualidade, estados devem escolher ou desenvolver uma série de padrões comuns que possam ser utilizados em todos os programas para a primeira infância, independentemente de seu fluxo financiador. Estes padrões podem ser desenhados a partir de sistemas de classificação de qualidade, padrões Pré-K e/ou padrões Head Start e Early Head Start. Entretanto, isoladamente, padrões não são suficientes; recursos adicionais são necessários para alcançar os padrões, para prover assistência técnica e para assegurar o monitoramento.
Ambientes reformulados – bons ambientes e serviços ajudam a assegurar programas de alta qualidade, ainda que ao redor de todo o país haja até os dias de hoje uma carência de espaços bem planejados para crianças pequenas. Novos mecanismos devem ser criados a fim de ajudar os programas a financiar a construção e a renovação de edifícios e garantir a prosperidade dos programas para a primeira infância a partir de melhores ambientes internos e externos e segundo um padrão ecologicamente correto.
Sistemas Coordenados de Informação – Planejamentos em programas para a primeira infância tornam-se vulneráveis quando o sistema de armazenamento de dados não está bem desenvolvido ou articulado. Sistemas interestatais de informação devem ajudar a garantir o acesso a informações mais compreensivas sobre crianças, programas e equipe técnica.
Criação de Programas de Aprendizado Infantil e Desenvolvimento de Programas 0-5, particularmente em comunidades de baixa renda. Pesquisas confirmam que programas de alta qualidade, que tem seu princípio nos primeiros anos de vida e se estendem até o início escolar, podem ter um impacto significativo no desenvolvimento e aprendizagem em geral da criança. Aliado a investimentos em outros serviços, muito mais programas de qualidade, beneficiando crianças desde seu nascimento até os cinco anos de idade, poderiam ser desenvolvidos em todo o país.
Centros Comunitários de Apoio – Com a finalidade de elevar o padrão de qualidade e assegurar uma maior possibilidade de escolha para os pais, programas novos e já existentes devem ser elaborados ou re-elaborados para se tornar uma fonte de apoio qualitativo a outros provedores na comunidade. Isso deve ser conquistado através de treinamento, apoio a recursos e estabelecimento de redes familiares de cuidados com a criança, alcançando posteriormente o nível de cuidados com a família, amigos e vizinhos.
Continuidade com o K-3 – Um componente essencial da Nova Era na Educação para a Primeira Infância é o desenvolvimento de novas associações com as escolas. Enquanto um sistema diversificado de entregas deve continuar sendo a característica primordial dos serviços para a primeira infância, os programas devem ter alguma relação com as escolas receptoras em suas comunidades. Ao mesmo tempo, precisamos de “escolas preparadas”, que tenham classes menores, professores melhor treinados, maior contato com os pais, novos padrões e inovação curricular, uma garantia de alta qualidade em serviços prestados depois da aula e uma programação anual através de parcerias com provedores da comunidade.
Reformular políticas de cuidados com a criança para promover o desenvolvimento e aprendizagem infantis. Enquanto a assitência aos cuidados com a criança promove um apoio considerável às famílias de baixa-renda, é importante ressaltar que as políticas existentes não foram elaboradas para promover a educação na primeira infância. Estados devem transformar as políticas de cuidado com a criança para assegurar a continuidade da assistência, devem conceder ajuda financeira para os programas que atingirem as maiores metas, criar associações com programas de saúde, melhorar taxas e expandir a elegibilidade, além de garantir o desenvolvimento de uma rede de especialitas em cuidados com a criança em cada estado.
Próximos passos para uma política federal
Novos investimentos na Primeira Infância vão ajudar os EUA a se recuperarem e crescer. Conselhos estatais para jovens aprendizes, fundações e outros líderes chave em estados e comunidades devem aproveitar esta importante oportunidade para melhorar os serviços para crianças pequenas e suas famílias ao redor do país.
Políticas federais para a Primeira Infância estão se desenvolvendo. Inovações que vem emergindo nos últimos anos e que vão aumentar com a recuperação econômica, devem anunciar futuras ações em âmbito federal. Reformas pendentes em educação, saúde e cuidados com a criança promovem novas oportunidades para encaminhar as necessidades das crianças pequenas. Com o apoio de recursos contínuos, a nova liderança federal pode:
Criar um modelo de coordenação entre agências;
Enaltecer o trabalho dos profissionais da Primeira Infância como um componente central da nova força de trabalho norte-americana;
Estabelecer referências nacionais para criar padrões de qualidade;
Ajudar a transformar os sistemas de informação para a Primeira Infância;
Criar um novo diálogo nacional no que diz respeito à melhor maneira de entrar em contato e ajudar os pais de crianças pequenas;
Encorajar programas de qualidade em torno das comunidades;
Assegurar que estamos apoiando e celebrando a diversidade das crianças representadas em nosso país.
A cada ano mais de quatro milhões de crianças nascem nos EUA. Duas em cada cinco crianças vão crescer em famílias de baixa-renda. Outras muitas enfrentarão riscos quanto a seu desenvolvimento. Podemos fazer melhor. Uma nova administração, apoio bipartidário e um envolvimento contínuo do setor privado podem nos conduzir a uma nova era de apoio a uma nova geração.
SOBRE A AUTORA
Joan Lombardi, PH.D, trabalhou como fundadora da Aliança Política “Do Nascimento aos Cinco Anos”, de 2005 a 2008.
Ela faz parte do governo Barack Obama.
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