sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Unicef denuncia rapto de ao menos 15 crianças em hospitais do Haiti

*Matéria retirada da Folha Online.

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) denunciou nesta sexta-feira o rapto de ao menos 15 crianças em hospitais do Haiti, país devastado por um terremoto de magnitude 7 no último dia 12.

"Infelizmente constatamos o rapto de 15 crianças em diferentes hospitais do Haiti e suspeitamos de que foram sequestradas por redes de tráfico de pessoas por meio de Santo Domingo", afirmou em entrevista a jornalistas Jean-Claude Legrand, assessor de proteção da infância do Unicef.

A metade da população do país caribenho --que já antes do terremoto era o mais pobre do continente americano-- é de menores de 18 anos. O Unicef estima que 2 milhões de crianças tenham sido afetadas pelo terremoto e apoiou a saída rápida dos menores cujos processos de adoção foram concluídos antes da tragédia, mas advertiu que "qualquer precipitação pode ser prejudicial".

Segundo Legrand, o tráfico de crianças já existia no Haiti antes do terremoto, com vínculos com redes internacionais de adoção ilegal. Os traficantes, contudo, aproveitam tragédias como o terremoto para roubar crianças que ficaram órfãs ou cujos parentes ainda não foram encontrados.

"Tivemos o mesmo problema no tsunami", disse Legrand, se referindo a onda que atingiu a Ásia em 2004. "Estas redes se ativam assim que ocorre uma catástrofe e aproveitam a debilidade na coordenação dos responsáveis no local para sequestrar as crianças e tirá-las do país".

Alerta

O Unicef afirmou na segunda-feira (19) que a adoção internacional de crianças haitianas que ficaram órfãs após o terremoto é considerada "a última opção".

"Nossa política é tentar a todo custo encontrar parentes da criança, e conseguir a reunificação familiar. A adoção é vista como a última opção, quando todas as outras tiverem fracassado", disse a porta-voz do Unicef, Veronique Taveau.

Em entrevista a jornalistas, Taveau insistiu em que a agência da ONU está trabalhando para encontrar e identificar as crianças que ficaram sozinhas após o tremor de terra no Haiti.

Três importantes ONGs pediram na quarta-feira (20) que sejam atrasadas as adoções de crianças haitianas após o terremoto. A Save The Children, a World Vision e a Cruz Vermelha Britânica defenderam uma paralisação em novas adoções até que sejam realizados todos os esforços possíveis para reunir as centenas de milhares de crianças separadas de suas famílias.

As ONGs defendem que se as adoções não forem suspensas existe o risco de algumas famílias se romperem para sempre. "Tirar as crianças do país as separará permanentemente de suas famílias, uma separação que agravará o trauma agudo que já estão sofrendo", disse a diretora executiva da Save The Children, Jasmine Whitbread.

"As crianças não devem sair do Haiti nesse momento a não ser com familiares sobreviventes ou em caso de adoções que já estavam em curso e com todos os documentos legais requeridos", disse o diretor da World Vision, Justin Byworth.

Alguns países ricos, como Espanha, Holanda, Estados Unidos e França, decidiram depois do terremoto acelerar os processos de adoção de crianças haitianas já aprovados.

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